Jogo válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro da série B de 2005. Este jogo teve o maior público de 2005, mais de 60 mil pagantes no Arruda. Ao final da competição, o Grêmio foi o campeão e o Santa Cruz vice.


Capa do JC de 27/11/2005 - Carlinhos Bala com a "taça" que seria usada para comemorar o título do Brasileiro, mas o Náutico não conseguiu segurar o Grêmio nos Aflitos e perdeu o jogo.

Vídeo

Os Gols da partida e a comemoração.
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Áudio


Narração do 1º gol de Reinaldo:



Narração do 2º gol de Reinaldo:  

Narração: Aroldo Costa / Rádio Jornal
Reportagem de Campo: Pedro Silva



A torcida do Santa Cruz já começava a ensaiar vaias e pedir a saída do atacante Reinaldo, quando, em duas jogadas, o artilheiro decidiu a partida com 2 gols e garantiu a artilharia isolada do campeonato com 16 gols marcados. Como disse o Aroldo Costa em sua narração: "O artilheiro nunca morre".

ARTILHEIRO
No Arruda, ele é Rei Naldo
Goleador foi xingado na partida contra a Portuguesa, mas deu a volta por cima e levou Santa à vitória
ARTHUR CUNHA - Jornal do Commércio - 28/11/2005

Eram 38 minutos do primeiro tempo, a Portuguesa ganhava o jogo, por 1x0. A torcida gritava o nome de Paulinho. Numa jogada dentro da área Carlinhos toca para ele e a história da partida começava a mudar. Reinaldo recebeu a bola, dominou e empatou o jogo para o Santa, 1x1. Dois minutos depois Rosembrick se enrolou com a bola, mas achou um espaço para cruzar, o endereço foi a cabeça de Reinaldo, que virou a partida e sacramentou, de vez, o seu nome na história do Santa Cruz.
“No primeiro gol, estava chateado (a torcida pedia a sua substituição). Não comemorei, foi um descarrego”, desabafa Reinaldo. “No segundo gol, já não consegui me controlar. Deu vontade de correr ao redor de todo o estádio. Eu achava a jogada perdida, mas não tinha ninguém me marcando e eu acreditei, fiquei esperando o Rosembrick cruzar”, lembra o camisa 9 tricolor.
Se o Santa foi o vice-campeão, Reinaldo foi o número 1 na artilharia. O atacante marcou 16 vezes na competição, deixando Cléber da Portuguesa na vice-artilharia com 14, Carlinhos Bala, do Santa, e Alecsandro, do rebaixado Vitória, com 13. “É uma sensação inexplicável”, disse. Com Reinaldo, o Santa volta a ter o artilheiro mor numa competição nacional. O primeiro foi Ramon, em 73, com 21 gols.
Reinaldo acredita que os dois gols o redimiram perante a massa tricolor. Ele estava a cinco jogos sem marcar. “Depois do jogo e hoje de manhã, quando fui à praia de Boa Viagem, muitas pessoas chegaram para mim dizendo que tinham me xingado, me criticado, e agora estavam me parabenizando”, explica. A ficha de Reinaldo ainda não caiu. O atacante disse que vai assimilar, aos poucos, a tarde de sábado. “Devagar, vou vendo a realidade”, confidencia.

O jogo
Quem esperava que os donos da casa exercessem uma forte pressão no inicio do jogo, se enganou. Marcando os pernambucanos no campo de ataque, a Portuguesa começou melhor a partida e logo ameaçou com os avanços de Johnson pela esquerda. Aos 5min, o angolano invadiu a área pela esquerda e chutou forte, mas Cléber espalmou para fora. Mas, aos 19min, o atacante teve mais felicidade. Após aplicar um drible em Carlinhos, foi empurrado pelo zagueiro dentro da área. Pênalti, que Cléber cobrou com categoria e abriu o placar. Atônito, o Santa não esboçou reação e por pouco Johnson não ampliou aos 22min, mas o atacante concluiu mal duas vezes no mesmo lance, ao entrar cara a cara. O primeiro arremate foi em cima de Cléber, que defendeu parcialmente, mas, no rebote, Johnson bateu mal e Valença afastou. Aos poucos, a Portuguesa diminuiu o ritmo e o Santa cresceu. Apesar de pouco objetivo, os donos da casa conseguiram o que parecia improvável até aquele momento: virar a partida. Aos 38min, Carlinhos Bala avançou pela direita e cruzou rasteiro. Reinaldo dominou na marca do pênalti, girou em cima de Du Lopes e bateu no ângulo direito de Gléguer. O gol animou o Santa Cruz, que, empurrado pela torcida, não demorou a marcar o segundo. Aos 41min, Rosembrick cruzou na pequena área e Reinaldo desviou com estilo de cabeça, marcando seu segundo gol no jogo. A Portuguesa ainda teve a chance de ir para o intervalo com a igualdade no placar, mas Cléber cobrou falta no travessão. "O placar era favorável para a gente, mas demos dois moles atrás e levamos a virada. Isso não pode acontecer", lamentou na saída de campo o atacante Leandro Amaral, da Portuguesa. Na volta para o segundo tempo, os paulistas retornaram com Celsinho na vaga de Rafael Toledo. Mas, logo aos 2min, o Santa quase ampliou em grande estilo. Xavier arrancou desde o meio-campo, passou por dois marcadores, driblou o goleiro Gléguer e chutou de bico. Leonardo, em cima da linha, salvou os visitantes. A Portuguesa, precisando virar, passou a atacar, mas deu espaços para o contra-ataque. Num deles, aos 16min, Rosembrick bateu da meia-lua e Gléguer defendeu bem. Aos 22min, Carlinhos Bala cobrou falta com violência e acertou o travessão paulista. Depois disso, o técnico Giba colocou Oliveira e Mendes e a equipe da Portuguesa foi toda para o ataque. Aos 36min, Mendes bateu cruzado e a bola passou raspando a trave esquerda de Cléber. Aos 40min, Johnson perdeu chance incrível, ao chutar da pequena área em cima de Cléber, que fez milagrosa defesa e garantiu o triunfo pernambucano.  

Campanha de campeão
Alguns dos 33 jogos do Santa fizeram história, carregados de simbologia, como as vitórias contra Bahia e Criciúma, inéditas fora de casa. Contra o Náutico,cinco triunfos seguidos no ano e o recorde nacional de invencibilidade em casa MOISÉS DE HOLANDA - Jornal do Commércio Foram precisos 33 jogos, 19 vitórias e 52 gols para o torcedor tricolor, enfim, comemorar o retorno do Santa à elite, após quatro anos. A campanha foi marcada por uma regularidade impressionante. O time não perdeu dois jogos seguidos. Uma trajetória que começou no dia 24 de abril, com um 2x2 contra o Paulista, no Arruda, e culminou com um jogo apoteótico, nesse sábado, num Arruda lotado, que, aliás, não vê derrotas dos corais há 34 jogos ou 15 meses e meio. Não foi o campeão, mas os seus números foram. Fez 64 pontos contra 59 do Grêmio.  

Givanildo Oliveira comemora a primeira subida com time pernambucano
Pela terceira vez levando uma equipe à Série A, o técnico tricolor, Givanildo Oliveira, reconheceu, que, desta vez, a conquista teve um sabor especial. Pudera. “Foi diferente, porque é uma equipe da minha terra.” A respeito do jogo, ele afirmou que esperava toda dificuldade. “A Portuguesa é uma equipe forte, marcou bem e aproveitou nossos espaços pelo lado direito. Por isso, tive que segurar Osmar”, lembrou. Givanildo também admitiu um certo nervosismo de seus atletas, sobretudo nos primeiros minutos. “Por mais que você converse com o jogador, essa tensão acontece. É normal, ainda mais com 60 mil pessoas gritando”, avaliou. Já o capitão Carlinhos Paulista admitiu que tocou na perna de Johnson, na hora do pênalti. “Ele foi malandro em permitir o choque. Felizmente, tivemos tranqüilidade para inverter o placar”, disse. Ele só lamentou o fato de não ter sido campeão. Como Náutico x Grêmio sofreu vários atrasos, os jogadores do Santa chegaram a comemorar dentro de campo como campeões. “Só quando entramos no vestiário é que soubemos. Mas o objetivo maior era subir”, destacou.

Ficha Técnica:
SANTA CRUZ Cléber; Osmar, Carlinhos, Valença e Xavier; Júnior Maranhão, Andrade, Lecheva (Adriano) e Rosembrick (Leonardo); Carlinhos Bala e Reinaldo 
Técnico: Givanildo Oliveira  

PORTUGUESA Gléguer; Wilton Goiano (Mendes), Du Lopes, Sílvio Criciúma e Leonardo; Almir, Rafael Toledo (Celsinho), Cléber e Alexandre; Leandro Amaral (Thiago) e Johnson  
Técnico: Giba  

Local: Estádio do Arruda, em Recife (PE)  
Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa - PR)  
Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa - PR) e Rogério Carlos Rolim (PR) 
Cartões amarelos: Carlinhos (S), Carlinhos Bala (S), Leonardo (P), Wilton Goiano (P), Johnson (P), Oliveira (P)  
Cartão Vermelho: Thiago (P)  
Gols: Cléber, aos 20min, Reinaldo, aos 38min e 41min do primeiro tempo.  
Renda: R$ 414.583,00  
Público: 63.978.